#009 Emoção e Razão: A Arte de Escolher com Propósito
A capacidade de tomar decisões é uma das características que mais nos diferenciam das outras formas de vida que nos acompanham na Terra. Somos cobrados a tomar decisões o tempo todo, desde as mais triviais até as mais complexas. Essas decisões podem moldar ativamente nossos destinos.
“Devo levar guarda-chuva? Escolho salada ou hambúrguer? Qual arquitetura de software escolherei para o novo projeto? Devemos ter mais um filho?”
No ambiente de trabalho, decisões estratégicas podem definir o sucesso ou fracasso de um projeto e até de uma carreira, enquanto nos relacionamentos, escolhas conscientes podem fortalecer laços ou gerar conflitos irreconciliáveis. Para nosso infortúnio, o processo de tomada de decisão é complexo, geralmente inconsciente, e influenciado por fatores que vão além da mera capacidade de ser ‘racional’.
(Podcast 07:41)
Fatores como medo, experiências traumáticas no passado, estresse, exaustão e pressão psicológica podem obscurecer nosso julgamento e levar a escolhas impulsivas ou mal concebidas.
É crucial sermos capazes de reconhecer a influência desses elementos subjetivos para evitar que nos desviem de nossos objetivos.
A crença na (falsa) dicotomia entre razão e emoção tem sido desmistificada pela neurociência contemporânea. A ideia de que podemos neutralizar completamente os aspectos emocionais durante a tomada de decisão é ilusória, principalmente quando o medo está envolvido. Não existem ‘tipos’ de personalidades puramente racionais e emocionais, nem ‘lados’ do cérebro dominantes em termos de razão e emoção. Razão e emoção não são forças opostas, mas sim elementos interligados que influenciam em conjunto nossas escolhas.
Para entender isso um pouco melhor, teremos que entrar dentro de nossos cérebros. O processo neurobiológico da tomada de decisão consiste em uma ‘dança’ entre diversas estruturas cerebrais, mas que aqui daremos ênfase a amígdala, centro de processamento e expressão das emoções, que funciona como uma espécie de botão de disparo, e o córtex pré-frontal, responsável pelo raciocínio lógico, que atua como um ‘freio’ ao disparo emocional.
Já em situações de estresse agudo ou prolongado, a amígdala, nosso botão de disparo, pode assumir o controle, impedindo a modulação (ou ‘freio’) da resposta pelo córtex pré-frontal e levando a reações impulsivas e disfuncionais, o que Daniel Goleman, autor do best-seller ‘Inteligência Emocional’, chamou de "sequestro emocional".
Diante dessa complexa interação entre razão e emoção, a inteligência emocional emerge como uma ferramenta essencial. Desenvolver a capacidade de reconhecer, compreender e gerenciar as próprias emoções, bem como as dos outros, permite que numa situação de estresse, não sejamos ‘sequestrados’ pelas nossas próprias emoções e assim, sermos capazes de minimizar comportamentos impulsivos e tomar decisões mais ponderadas e eficazes. (Podcast 5:32)
Se você sente dificuldade em lidar com situações desse tipo, ou busca aprender a tomar decisões mais assertivas, a psicoterapia pode ser útil, ao fornecer um contexto qualificado para explorar as emoções, desvendar padrões de pensamento disfuncionais e desenvolver a inteligência emocional. Ao promover o autoconhecimento, e nos ajudar a entender o porquê agimos como agimos, a terapia nos capacita para tomar decisões mais alinhadas com seus valores e objetivos.
Resumindo, o objetivo é evitar lutar contra nossos instintos tentando eliminar as emoções do processo de tomada de decisão, mas sim, buscar um equilíbrio harmonioso e estratégico entre razão e emoção.
Ao integrar esses dois aspectos, podemos tomar decisões mais assertivas, resolver problemas com mais eficiência e reduzir a ansiedade que muitas vezes nos acompanha em momentos de escolhas difíceis.
Se esse conteúdo te interessou e quiser saber mais sobre os fascinantes e complexos processos mentais que regem nossas emoções e comportamentos sugiro a leitura de dois livros:
- Emocional: a nova neurociências dos afetos’ de Leonard Mlodinow.
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